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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Anaïs Nin & Henry Miller

H,

Para ficar contigo por uma noite eu daria toda a minha vida, sacrificaria cem pessoas, deitaria fogo a Louveciennes, seria capaz de tudo. Isto não é para te preocupar, Henry, é só porque não consigo impedir-me de o dizer, que estou a transbordar, desesperadamente enamorada por ti como nunca estive por alguém. Mesmo que fosses embora amanhã de manhã, a ideia de estares a dormir na mesma casa teria sido um doce alívio do tormento que suporto esta noite, o tormento de ser cortada ao meio quando fechaste o portão atrás de ti. Henry, Henry, Henry, eu amo-te, amo-te, amo-te. 


Anais Nin, Carta a Henry Miller (1932)

Renam Christofoletti


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Leituras: O amante de Lady Chatterley #1

A nossa época é essencialmente trágica, e, por isso, recusamo-nos a vivê-la como tragédia. O cataclismo deu-se, estamos rodeados de ruínas, começamos a construir outras maneiras de viver, a alimentar novas pequenas esperanças. É uma tarefa difícil, já não há nenhuma estrada suave em direcção ao futuro: passamos ao lado dos obstáculos, ou saltamos-lhes em cima. Temos de viver para além de todos os céus que desabaram sobre as nossas cabeças.
Esta era, mais ou menos, a posição de Constance Chatterley. A guerra tinha sido como um tecto que lhe caísse em cima, e ela compreendera que seria necessário viver e aprender.
Tinha casado com Clifford Chatterley em 1917, durante o mês de licença que este passara em Inglaterra, mês esse que foi a sua lua-de-mel. Ele regressou à Flandres, de onde, seis meses mais tarde, voltava, mais ou menos em pedaços. Constance, mulher dele, tinha então vinte e três anos e ele vinte e nove.
O seu apego à vida era maravilhoso. Não morreu, e foi possível tornar a juntar os pedaços. Durante dois anos viveu nas mãos dos médicos, depois foi considerado curado e pôde voltar à vida. Mas metade do seu corpo, dos quadris para baixo, estava paralisada para sempre.

O amante de Lady Chatterley,  D. H. Lawrence


domingo, 1 de fevereiro de 2015

A female sexual predator / not Lolita

Review


"You have a great body," I told him. His build was the slender, undeveloped wiry sort whose tautness revealed the shadowy promise of muscles not yet arrived.

"I'm too skinny," he began, but I quickly placed one hand across his mouth to avoid further speech and with the other began rubbing across his chest and down his stomach, dipping a finger inside the elastic band of his shorts to stroke the starting delineation of his pubic hair. I felt his lips part beneath my hand to breathe more heavily; his eyes were traveling a vertical circuit from my crotch up to my breasts. "Have you ever taken off a girl's bra before?" He shook his head no. "They're mysterious little contraptions," I said, turning my back to him and raising the veil of my blond hair over my right shoulder to clear his view. "Go ahead and give it a try." His hands shook as he stumbled with the tiny metal hooks; he was nearly panting as he bent in closer to my back, struggling to see the bra's petite mechanics in the dark. I could smell the mint chewing gum on his breath—he'd indeed prepared himself for a make-out session. Could consent have been any more transparent? Eventually I felt the release of its pressure and Jack gave a victorious sigh.

"Bravo." I smiled at him from over my shoulder, then dropped the bra to the ground and turned back to face him bare-chested. "You've got me pretty worked up, Jack." His hands were down at his sides, bracing; he'd scooted back over to the right, as far away from me as the tiny backseat would allow. I got up on all fours and crawled over to him, my breasts hanging level with his face. "Feel how hard my nipples are." He started to reach out his hand but I pulled away and gave him a teasing smile. "Not with your fingers," I said, correcting him. "With your tongue."

Nodding, he scooted closer and stuck his tongue as far out from his lips as he could manage, as though he'd just been dared to lick a metal pole in the winter. His eyes were open wide, visually taking in the target—he seemed to be worried that he wouldn't be able to find my breast if he closed them. I lowered my head and watched the pink-on- pink contact, my nipple beginning to glisten with Jack's saliva. Dutifully, he fully wetted one, moved over and wetted the other, then sat back and looked up at me with eyes that awaited further instruction. "That felt perfect," I said encouragingly. "I knew you'd be really good at this." I sat down in front of him with my legs bent open; the thin lace string of the thong covered the tip of my clitoris but not much else. "Have you ever put your fingers inside a girl?"

Even in the dark I could make out the hot blush that was covering his cheeks. "I haven't done much," he said. The sound of his breathing suggested he was running away from something.

"Why is that?" I asked. "You're certainly good-looking." My hands wrapped around the jersey of his cloth-covered penis and began to stroke. He folded a leg up and sat on it, squirming with nervous energy as the speed of my fingers increased. Compliments seemed to freak him out more than relax him.

"I'm just shy with girls I guess," he said. I watched him swallow three times before speaking again. "I never know what to say."

I lifted my hands from the wad of fabric swirled up around the shape of his erection and found the panel opening of the crotch, then slowly moved it down to reveal his penis. Lowering my head so my hair fell across it, I spoke just above it like it was a microphone. "You can relax, Jack," I said, bathing its tip in my warm breath. "You don't have to say anything." With that, I licked my lips, then slid them down over him, slowly arching my neck and extending my throat until my mouth came to the base. He made a gasping noise and bucked a little, writhing in a disoriented way that bumped the head of his cock against the roof of my mouth. I gave him a quick thirty seconds of advanced sucking, my tongue fluttering against his underside until I could taste the salty bitters of pre-ejaculate, then sat back up and wiped my mouth off on my arm.







quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Leituras: O Elogio da Mulher Madura #3


Klári ficou porque devia jantar connosco; eu, porém, não pude deixar de pensar por que razão ele se sentia «demasiado cansada» para acompanhar Maya e porque preferiu esperar comigo no apartamento, sabendo nós que a Maya ainda se iria demorar uma hora mais.
 - Bem, estás à minha guarda - disse ela com uma gargalhada embaraçada -; o que é que eu hei-de fazer contigo agora?
Não fora só a gargalhada que fizera o seu corpo vibrar; eu vi a expressão do seu rosto suavizar-se e descontrolar-se mais uma vez. Fico irresistivelmente atraído pela expressão nua de uma mulher quando está completamente vestida. E Klári perguntava-me o que haveria de fazer comigo.
 - Seduz-me.
Ela ficou séria. - Estou espantada contigo, András.
 - Bem, perguntaste o que havias de fazer comigo.
 - Estava apenas a tentar ter uma conversa amável.
 - E o que haverá de mais amável do que pedir-te que me seduzas?
[...]
Quando fizemos amor, não tivemos que nos mexer. O corpo dela era sacudido, do principio ao fim, por convulsões. Talvez porque não queríamos realmente estar de novo juntos (ela achava-me imoral, eu achava-a estúpida), esses poucos minutos provocaram a violenta sensação de estarmos a viver um primeiro e derradeiro encontro.


O Elogio da Mulher Madura, Stephen Vizinczey - Editorial Presença, [p. 62 - 63]



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

As putas da Avenida


Eu vi gelar as putas da Avenida
ao griso de Janeiro e tive pena
do que elas chamam em jargão a vida
com um requebro triste de açucena

vi-as às duas e às três falando
como se fala antes de entrar em cena
o gesto já compondo à voz de mando
do director fatal que lhes ordena

essa pose de flor recém-cortada
que para as mais batidas não é nada
senão fingirem lírios da Lorena

mas a todas o griso ia aturdindo
e eu que do trabalho tinha vindo
calçando as luvas senti tanta pena


Fernando Assis Pacheco


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Hot Librarian


“Nua, Regina sofria a vulnerabilidade da pose, da antecipação insuportável e de um desejo que, se não fosse satisfeito, arriscava enlouquecê-la.

Ouviu Sebastian aproximar-se e andar à sua volta e, de súbito, sem aviso prévio, o contacto frio do metal a ser introduzido no seu ânus. Arquejou e, embora reconhecesse o toque do tampão metálico, o ritmo da sua pulsação não abrandou.

- Quantas foram as chicotadas que deu naquela mulher? – perguntou Sebastian.
Hot Librarian de Josh Howard
- Quatro.
- Vou dar-lhe seis.

O corpo de Regina inteiriçou-se, à espera da pancada. Em vez disso, aquilo que sentiu foi um objecto duro, mas com um toque de borracha a fazer pressão contra os lábios da vagina. A reacção instintiva foi de resistir, mas deixou de se contorcer e permitiu-lhe que a penetrasse suavemente com o objecto. Encheu-a como o membro viril, pelo que desconfiou que fosse uma espécie de vibrador.

Com o tampão anal era demasiado e esteve a ponto de lhe dizer que não aguentava, mas quando ele alcançou um sítio que a fez estremecer de prazer procurou antes relaxar e recebê-lo. Sebastian deixou de movimentar o objecto e Regina ficou ali abandonada, imóvel, repleta. Sentiu que o seu corpo palpitava, a desejar mais do prazer anunciado com o derradeiro empurrão. O maior tormento era tê-lo dentro de si sem foder.

- Au!

O chicote abateu-se sobre ela quando menos esperava e a dor foi violenta. Com o corpo tenso, em antecipação de nova chicotada, por pouco não esqueceu o objecto que lhe enchia a vagina e o tampão metido no ânus.

A chicotada surgiu, tão dolorosa como a primeira.”


A Bibliotecária, Belle Logan, Editorial Planeta, 2013, pg 276

Se quiserem ler a nossa opinião sobre o livro podem fazê-lo aqui.

Beijos repletos das mais puras más intenções... ;)
R&A


quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

"Calçava meias pretas de seda ...




John Peri Photography


 ... que lhe chegavam acima do joelho. Ainda não pudera ver-lhe o cu (esse nome que eu empregava ao conversar com Simone parecia-me o mais bonito nome das coisas do sexo). Apenas imaginava que, soerguendo-lhe o avental, poderia ver o seu traseiro nu. (…)

Estava calor. Simone pôs o prato num banquinho, instalou-se à minha frente e, sem deixar de me olhar nos olhos, sentou-se e meteu o traseiro no leite. Fiquei, por momentos, imóvel, com o sangue a subir-me à cabeça, todo a tremer, enquanto ela olhava para a minha verga a enfunar as calças. Deitei-me a seus pés. Ela não se mexia; pela primeira vez, vi a sua “carne rosa e negra” a banhar no leite branco. (…)

Ela, de repente, ergueu-se: o leite escorreu-lhe até às meias, nas coxas. Enxugou-se com um lenço, de pé por cima da minha cabeça, com um pé em cima do banquinho. Eu esfregava a verga, debatendo-me no chão. Chegámos ao gozo no mesmo instante, sem termos tocado um no outro.”



História do Olho, Georges Bataille, 1988, Livros do Brasil, pg. 9 e 10

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

A Bibliotecária, de Belle Logan



A Bibliotecária

A figura da bibliotecária tem sido alvo de fetiches e desejos de muitos homens. Há quem imagine que por baixo dos óculos, do cabelo apanhado e do ar sério existe uma mulher linda e criativa, à espera de uma oportunidade para se libertar das repressões e realizar os desejos mais primitivos.


Neste livro, deparamos com um homem atraente, rico e poderoso que anseia por dominar a mais recente colaboradora da New York Public Library acabando por consegui-lo vezes sem conta no decorrer da história. 


Uma história que nada tem de novo: Sebastien, um fotógrafo famoso, domina Regina na cama e fora dela. Regina submete-se (por vontade própria) a cada capricho, a cada desejo deste homem que a veste de Prada, Gaultier, La Perla e Tiffany’s dos pés à cabeça (ora, sejamos sinceras, que mulher não se submeteria a ele de livre e espontânea vontade?). A jovem rende-se por inteiro ao aceitar posar para ele, ao estilo da famosa Bettie Page, a mulher que, nos anos 50, se tornou a Rainha das Pin-ups.


Um pouco à semelhança do fabuloso Christian Grey, Sebastien tem gostos sexuais extravagantes. Ele gosta de amarrar e açoitar a sua parceira. No entanto, não excede os limites do bom senso. O objectivo dele não é torturar ninguém, apenas levar a outra pessoa a ultrapassar determinados limites que poderão (e o fazem de facto) aproximá-la do prazer absoluto.


E quem nunca pensou, mesmo que remotamente, render-se às mãos experientes e fortes de um homem como o Sebastien?


Deixo-vos um clip do filme Tomcats, de 2001, para verem uma bibliotecária em acção... ;)


Beijos mal-intencionados da vossa
R&A

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015


(...)
– Gostas da minha coninha?
– Não se diz isso. É feio.
– E a coninha: achas a minha coninha feia?
– Já vi coninhas melhores, se queres que te diga. Mas não é uma coninha feia.
– Parvo.
– Já vi coninhas vaidosas, alegres, simpáticas, arrogantes, cerebrais, intuitivas, cordiais, virtuosas, prazenteiras, românticas, bondosas, medonhas, infantis, ciumentas, vulgares, incompreendidas, entusiastas. A tua coninha só tem pouca personalidade. Não é grave.
– O que queres dizer com isso? Olha para ela com atenção.
– Estou a olhar.
– Achas que lhe falta assim tanta personalidade? Olha bem.
– Acho.
– O que queres dizer com isso?
– Personalidade. Atitude. É uma coninha passiva. Parece-me lenta. Nunca ouviste a história da coninha adormecida? Não sei se me entendes. É uma coninha mandriona, é o que é.
– Uma coninha mandriona?
– Não te rias. Não é motivo para risos.
– Não me estou a rir.
– Então é ela. Olha para ela. Ri-se de quê, esta puta interesseirona?
– Ri-se de ti e da tua pichota ridícula.
– Qual é o mal da minha pichota? É uma pichota elegante, dir-se-ia até distinta, helénica, vigorosa, apessoada, tranquila, apolínea, marmórea e culta.
– É uma pichota pequena, meu amor. Sempre disse que era muito pequena, parece meio atarracada. O teu pai é asiático?
– Não.
– A tua mãe?
– Não.
– A tua pichota?
– Já lá esteve e não gostou.
(...)


João Pereira Coutinho «As palavras propriamente ditas» in Revista 365


sábado, 3 de janeiro de 2015

Fotografia: Manon Couse

[...]
Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho
[...]


Manon Couse





segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Leituras: O Elogio da Mulher Madura #2


Durante todo este tempo permaneci um proxeneta virgem. Havia umas quantas prostitutas bonitas e amáveis que pareciam gostar de mim, mas eu não fazia a menor ideia de como me declarar. Fixando-as nos olhos da maneira mais suplicante que era capaz, esperava que alguma delas tivesse a ideia de me convidar. Mas nunca o fizeram. E, apesar de desejar tanto fazer amor, que com frequência era acometido por terríveis cãibras, os efeitos de tristeza do pós-acto a despachar começavam a intimidar-me. Reparei que os soldados, que se arranjavam com quem quer que estivesse disponível, mal olhando sequer para a mulher em causa, ficavam depois, frequentemente, taciturnos ou mesmo zangados. E enquanto a minha adorada condessa costumava separar-se do seu jovem capitão com uma expressão de júbilo, saía dos aposentos dos outros oficiais com um ar gelado. O que quer que o sexo fosse para além disso, era obviamente um trabalho de equipa e comecei a suspeitar que estranhos, mais ou menos empurrados à força para os braços um do outro, raramente formavam uma boa equipa.
A mulher que melhor me ensinou esta lição foi a Fräulein Mozart.


O Elogio da Mulher Madura, Stephen Vizinczey - Editorial Presença, [p. 31 - 32]



domingo, 21 de dezembro de 2014

Leituras: O Elogio da Mulher Madura #1


Este livro é dirigido aos jovens e dedicado às mulheres maduras
 e é meu propósito debruçar-me sobre as relações entre ambos.


(...) Algumas vezes, quando ficava demasiado excitado por presenciar alguns preliminares, tinha o hábito de protestar contra a injustiça daquilo tudo. «Quando precisam de mim para vos arranjar os engates está tudo bem, mas quando toca a fornicar já sou um miúdo!»

       Eu também queria o meu quinhão. Estava tão empenhado a traduzir frases como «pergunta-lhe se ela é apertada ou larga», estava tão inflamado pelas conversinhas e carícias que me encontrava em estado de permanente erecção.

Raramente deixava escapar uma oportunidade de me esgueirar para dentro dos aposentos de um oficial, assim que ele de lá saía com uma mulher. Nas casernas dos soldados havia sempre alguém por perto, mas nos alojamentos privados dos oficiais por vezes podia examinar tudo sem ser perturbado. Tentava descobrir pistas nos leitos desfeitos, nas garrafas de álcool meio vazias, nas pontas de cigarro sujas de bâton, mas, acima de tudo, nos odores que ainda pairavam no lugar. Uma vez até encontrei um par de calcinhas de seda branca e cheirei-as avidamente. Tinham um odor peculiar mas agradável. Não tinha meio de o saber, mas tinha a certeza de que era o cheiro da coisa da mulher, e pressionei as calcinhas contra as narinas e cheirei-as por um bom bocado.

Recordo apenas uma ocasião em que senti que podia ficar criança por mais algum tempo. Foi quando observei um soldado que, tendo contraído uma doença venérea, teve de levar várias injecções mesmo no pénis. Enquanto os seus camaradas estavam por ali, sentados na caserna, rebentando de riso, ele andava para trás e para a frente, entre as duas filas de camas, ainda curvado com dores e sempre com as mãos entre as pernas. Tinha os olhos marejados de lágrimas e berrava numa voz cavada: «Nunca mais o espeto noutra que não seja a minha mulher! Foi a última pega em que o meti até ao fim da minha vida!».

Passaram vários dias antes de voltar a matutar num modo de fornicar com uma das senhoras a quem servia de intermediário.



O Elogio da Mulher Madura, Stephen Vizinczey - Editorial Presença, [p. 25 - 26]


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Diário Secreto de uma Mulher, de Sophie Morgan

Numa altura em que a literatura erótica tem cada vez mais leitoras, cabe-nos distinguir o recorrente do inédito. O Diário Secreto de uma Mulher obriga-nos a mergulhar, através de um relato verídico na primeira pessoa, no debate interior de uma Submissa.

Sophie é uma mulher inteligente, independente e sofisticada, uma jornalista determinada, cumpridora de prazos que tem controlo sobre tudo na sua vida, ou quase tudo…É que, apesar de fora da cama Sophie ser totalmente livre e desprendida, na cama é totalmente o oposto. Ela é uma submissa que nos mostra toda a dualidade da sua personalidade. 

Perante as humilhações mais violentas a que os seus companheiros (sempre dominadores) a sujeitam, ela sente raiva e desprezo, mas o seu corpo contradiz cada pensamento seu. O seu sexo húmido e receptivo expõe claramente o prazer que sente com as humilhações e agressões que sofre, mesmo que a sua mente lhe diga que ela não gosta de algo ou as suas nádegas estejam quase dilaceradas com tantas vergastadas. 

A dualidade presente em Sophie é visível no desejo de mandar “à fava” o dominador e ignorar cada ordem que recebe e a teimosia que não lhe permite desistir. Em cada página existe uma luta interior entre a voz na sua cabeça que lhe diz que não tem de se sujeitar a chupar os dedos dos pés de ninguém e a vontade de mostrar que consegue fazer o que é ordenado para agradar ao seu dominador, para que ele se apiede dela e lhe permita atingir o tão almejado orgasmo. 

As dores e as humilhações são tão fortes, que Sophie termina muitas vezes o encontro com o seu dominador a chorar baba e ranho, literalmente, mas também (quando lhe é permitido) a entregar-se à intensidade dos orgasmos que este tipo de práticas lhe provocam. 



Claro que a maior parte do livro é um discorrer de cenários típicos de uma relação D/s, no entanto, este livro prima pela diferença. Não é apenas um relato de uma relação entre um Dominador e uma submissa, mas de vivências pessoais e reais que vão contra tudo aquilo que a protagonista imagina que consegue suportar, fazendo-a perceber que é mais forte do que aquilo que pensa e que precisa desesperadamente daquele lado obscuro para sentir prazer. Para a narradora, ser submissa não é fazer apenas aquilo de que se gosta mas também ultrapassar os limites fazendo o que nunca imaginara ser capaz de fazer.

“Quando regressei à Terra como que saída de um transe, ainda a tremer devido à intensidade do que acontecera, ele estava a desapertar as calças e a aproximar-se de mim. Enfiou-se violentamente dentro de mim, colocando o seu peso sobre a minha vagina ainda palpitante, intumescida, pisada e dorida. Não consegui evitar um grito. Começou a foder-me, uma evocação cruel do ritmo da colher apenas uns minutos antes, uma sensação tão dolorosa e intensa que me arqueei debaixo dele, fazendo tudo o que podia para o afastar, o que, graças às algemas e à corda que me prendia os tornozelos, foi muito pouco.
Ele enfiou-se ainda mais dentro de mim e depois deteve-se por uns momentos. Prendeu as mãos no meu cabelo e beijou-me avidamente, e a seguir mordeu com força o meu lábio inferior até eu sentir sangue. Os dedos dele rodaram as molas presas aos meus mamilos, ajustando-as e apertando-as até me dar a impressão de que todo o meu corpo estava em chamas. Eu estava a soluçar, com lágrimas a escorrerem-me pelo rosto, e, quando recomeçou a foder-me sussurrou:
- Vieste-te à pancada 109 porque voltámos atrás quando te enganaste. Falhaste o teu prazo.
Por entre uma névoa de dor e de intenso prazer percebi exatamente o que aquilo significava. E tremi…”

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

As Cinquenta Sombras de Grey


Mesmo a calhar, com este frio, aí está o segundo trailer [de ficar a arder] do filme As Cinquenta Sombras de Grey.

Ora espreitem só.





O filme chega às salas de cinema no dia 14 de Fevereiro, Dia dos Namorados.



O Quarto 31, brevemente, publicará a sua leitura sobre livro que serviu de base ao filme.