Sabina é uma esposa adúltera e uma mulher que traz consigo a
luxúria por onde quer que passe. Vive constantemente dividida entre o conforto
do lar, o conforto dos braços do seu marido e amigo Alan, onde se sente protegida
e em segurança e a necessidade de ser livre, de estar com outras pessoas que a
arrebatam da monotonia que é o seu casamento.
"Podia sair do meu eu comum e da minha vida vulgar para assumir seres e vidas múltiplas (...)." p.134
Ao longo de todo o livro, Sabina divide-se em múltiplas
personagens que exibe aos homens com quem se envolve. Para o marido, é a mais
pura e virtuosa esposa, uma talentosa
atriz que se ausenta com frequência nas diversas e inexistentes viagens
provocadas pelo seu inexistente papel em tantas peças. Para todos os outros homens, ela é uma femme fatale, a mulher que passa na rua
e que todos desejam conhecer.
"Olhou para o céu e viu o rosto de John (...), os olhos de Mambo dizendo "Tu não me amas" (...) e Philipp (...) desaparecendo em frente do rosto pensativo e desviado de Alan. O céu inteiro era uma manta de olhos e bocas a brilhar sobre ela, o ar estava cheio de vozes, ora gritos roucos vindos do espasmo sensual, ora vozes meigas de gratidão, ora duvidosas e ela teve medo porque a Sabina não existia, não UMA, mas uma imensidade de Sabinas (...)" p. 110
Apesar do seu envolvimento físico com vários homens, Sabina
nunca permanece com eles demasiado tempo. A dada altura começa a sentir-se
perseguida e vigiada (devido à vida dupla que leva) e o medo de ser descoberta
pelo seu marido, o medo que este a veja como ela realmente é e o medo de perder
a segurança dos braços dele fazem com que ela regresse rapidamente para casa. A protagonista sente-se culpada e vai expondo os seus receios, os seus demónios ao longo do livro.
"Sou culpada de vários amores, de muitos amores em vez de um só"p. 136
Uma Espia na Casa do
Amor é como Sabina se sente sempre que se envolve sexualmente com um homem
que não é o seu marido. Ela é-nos descrita como uma mulher insegura e que
apenas quer ser amada, mas também como uma mulher que necessita desesperadamente deste equilíbrio na sua vida,
pois sem ele não sobrevive.
"Algum choque frustrou-a e fê-la perder a confiança num amor único. Dividiu-os como medida de segurança. (...) A mobilidade no amor tornou-se uma condição para a sua existência." p.140
Uma Espia na Casa do Amor, de Anaïs Nin, Nova Vega, 2013
Beijinhos literários...
R&A