quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Leituras: O Elogio da Mulher Madura #3


Klári ficou porque devia jantar connosco; eu, porém, não pude deixar de pensar por que razão ele se sentia «demasiado cansada» para acompanhar Maya e porque preferiu esperar comigo no apartamento, sabendo nós que a Maya ainda se iria demorar uma hora mais.
 - Bem, estás à minha guarda - disse ela com uma gargalhada embaraçada -; o que é que eu hei-de fazer contigo agora?
Não fora só a gargalhada que fizera o seu corpo vibrar; eu vi a expressão do seu rosto suavizar-se e descontrolar-se mais uma vez. Fico irresistivelmente atraído pela expressão nua de uma mulher quando está completamente vestida. E Klári perguntava-me o que haveria de fazer comigo.
 - Seduz-me.
Ela ficou séria. - Estou espantada contigo, András.
 - Bem, perguntaste o que havias de fazer comigo.
 - Estava apenas a tentar ter uma conversa amável.
 - E o que haverá de mais amável do que pedir-te que me seduzas?
[...]
Quando fizemos amor, não tivemos que nos mexer. O corpo dela era sacudido, do principio ao fim, por convulsões. Talvez porque não queríamos realmente estar de novo juntos (ela achava-me imoral, eu achava-a estúpida), esses poucos minutos provocaram a violenta sensação de estarmos a viver um primeiro e derradeiro encontro.


O Elogio da Mulher Madura, Stephen Vizinczey - Editorial Presença, [p. 62 - 63]



5 comentários:

  1. Minutos em maremoto...

    Boa noite! :)

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  2. Um primeiro e derradeiro encontro... começo a achar que todos os primeiros encontros deviam ser também derradeiros...evitaria tantas tristezas...
    Dona Vera...belas leituras...

    Beijinho*

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  3. Recomendo. Boa literatura, boa dose de erotismo (como já não se lê).

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  4. Será lido..... a sedução assim de pronto é a sedução do olhar!!!

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