domingo, 8 de fevereiro de 2015

Óscares: ME & MIELA

Estamos quase, quase na data tão aguardada pelos amantes do cinema (ou talvez não), 22 de Fevereiro. Os Óscares, que nem sempre nos parecem justos, premeiam anualmente o que a industria americana julga ter sido o melhor. Se o mérito advém da nomeação, também não é menos verdade que o objectivo é sempre o de levar a estatueta do homem sem pila para casa. Quem não se lembra da piada a que se tem vindo a sujeitar o gordito da Rihanna?

Nós por cá, atentas às necessidades de uma crítica cinematográfica de qualidade (isenta de interesses comerciais), vamos (sempre que nos apetecer, não garantimos mais do que isso) dar-vos a conhecer algumas películas que ficaram esquecidas na gaveta pelos senhores cinzentões de Hollywood.

Me&Miela é um filme americano do qual apenas tivemos acesso a 20 minutos de actuação. As actrizes principais, e únicas, são Lorena Garcia (a morena) e Marry Queen (loira). Estando fisicamente muito bem preparadas, corpos harmoniosos, pele sem hematomas, acabamentos simples, sem acessórios vulgares - pelo contrário, Marry Queen, usa uns óculos "massa preta", que lhe dão imediatamente um ar bastante sofisticado -, a verdade é que o desempenho destas duas actrizes, no que diz respeito à entrega, deixa muito (senão tudo) a desejar. A história passa-se numa sala de massagens (cenário agradável, cores em tom terra, ambiente bem organizado, música razoável), onde Marry é a profissional que aplica as massagens na cliente Lorena. Este é um tema já trabalhado com sucesso na área, sendo muito apreciado por mulheres e homens inteligentes e sexualmente maduros, por isso nos causou estranheza a descoordenação no encadeamento das ideias fulcrais da história. Longe do desejado papel de massagista profissional - veja o caso de Eufrat, uma grande actriz desta industria, que representa o cliché impecavelmente,  Marry opta por uma abordagem menos profissional e mais amadora, onde a massagem não passa de playback. Apostou-se pelo óbvio, corpos bonitos e muito óleo, não podemos afirmar que não é agradável, mas é claramente insuficiente. O realizador que se esquece de que a chave de sucesso desta área de entretenimento é a novidade, acaba por não ir muito longe. Este tipo de cinema tende a tornar-se repetitivo. 

Voltando ao filme, um pormenor, o uso do óleo é sempre uma aposta ganha. Os corpos tornam-se mais apetecíveis ao palato, porque conseguimos apreender de forma mais convincente a sua textura. Como se a pele ganhasse vida e luz. Mas os mais experientes saberão também que quando há óleo, não haverá vaginas secas - este sim, o maior problema desta industria! Uma vagina seca arruína dezenas de arfares e gemidos, é o equivalente ao pénis murcho do actor. Os conhecedores desta área haverão de concordar connosco, pelo menos as senhoras, vagina seca é vagina sem prazer e pode ser o desastre do filme.

Voltando, novamente, ao filme, aproximado o minuto quatro, vemos Marry a circundar a zona genital de Lorena, de forma tão explicita, que imediatamente percebemos que a fantasia profissional/cliente terminava ali. O tema é claramente subaproveitado. Pouca história, muito sexo, seria o que daqui poderíamos pensar, mas ao muito, neste caso, temos de acrescentar o fraco sexo. Marry beija a boca de Lorena como um periquito, quase não há contacto labial (tão pouco, línguas envolvidas), enquanto a masturba directamente no clitóris, uma prolepse fatal à história. Imperdoável, só mesmo se fosse virgem! Iniciar a acção pelo momento de êxtase, que se quer final. Estamos no minuto seis. 

Outro erro imperdoável é avançar para a cena da troca de papéis, com a vagina de Marry completamente seca - quase chega a ser doloroso aos olhos - quando estamos num cenário onde não faltam as referencias às massagens. Pior, sem percebermos como, cena cortada, Marry surge magicamente já toda besuntada de óleo. Nesta altura, recordo-me bem, quase tive vontade de sair da sala de projecção, farta desta autêntica farsa. Não o fiz porque sou uma profissional e era meu dever escrever esta crítica para vós.

Pouco mais há acrescentar, a simulação dos orgasmos é ridícula, embora não exagerada, o sexo oral é incompreensivelmente mal feito, não havendo seguimento a meia dúzia de lambidelas aplicadas. Ficamos sem perceber se eram principiantes da representação, se o argumento era mesmo assim ou se o/a realizador era cego ou estava a dormir. 

Tinha tudo para dar certo e ser mais um daqueles filmes que, sem ser uma obra-prima, cumpria o seu papel de entretenimento, mas é uma verdadeira desilusão.

Podem vê-lo (se forem maiores de idade) aqui.





3 comentários:

  1. Nah, para mim este não é candidato a nada.
    Só se ganhar o filme mais parado e plástico de sempre.
    Há uma coisa muito importante que distingue os atores de cinema erótico ou porno, os que estão apenas a trabalhar e os que conseguem aliar o prazer ao trabalho.

    Estas duas senhoras bem se podem dedicar ao ponto cruz.

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    1. Discordo, o ponto cruz é uma actividade que requer muita destreza de mãos, não é para elas :D

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  2. Isso, tricôt e crochet.

    Óscares, não obrigado.

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