quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Vidas #1 (2)

[continuação]


Mas um dia, apareceu-lhe uma prima afastada, à saída do autocarro, a chorar que nem uma criança, dizendo que lhe queria falar. Levou-a a um café, comprou-lhe uma garrafa de água e dispôs-se a ouvi-la. Cristina, assim se chamava a prima em terceiro grau, fanicava entre soluços, ora pedindo desculpas, ora dizendo que não tinha tido culpa. Contou-lhe então que se encontrava com o Quim às escondidas, tinha-se apaixonado por ele e que agora estava grávida. Elisabete sentiu que o chão lhe fugia dos pés e caía vertiginosamente num buraco sem fundo. Há quanto tempo, Cristina?, foi a única pergunta que lhe fez, Quase cinco meses... 
Amava o Quim, e agora que ambos tinham conseguido arranjar trabalho, ele já tinha a tropa feita, era óbvio que o próximo passo era casar. Lembra-se que deixou a prima a falar sozinha no café e caminhou sem rumo, durante mais de duas horas. À noite, quando o Quim lhe telefonou a dizer que estava a sair de casa para a ir buscar - tinham combinado ir ao cinema - gritou-lhe que já sabia de tudo e que nunca mais o queria ver. Passou dois meses a chorar pelos cantos e a ouvir da mãe a mesma lengalenga, ele não era homem para ti, Maria Elisabete. Até que um dia, num baile de domingo, onde tinha ido arrastada por uma amiga, conheceu o João, de cara séria e um metro e oitenta.

[cont.]




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